sexta-feira, 14 de setembro de 2012

CONGRESSOS PELO MUNDO - IUGA 2012 - Uroginecologia



Na semana passada, entre 4 e 8 de setembro aconteceu em Brisbane, Austrália, o 37th Annual Meeting da International Urogynecological Association – IUGA.

Entre muitos assuntos palpitantes dessa área em expansão, a Uroginecologia estiveram em pauta as telas e suas controvérsias, a síndrome da dor pélvica crônica na mulher (assunto em franca expansão nas pesquisas), novas técnicas diagnósticas e terapêuticas, sexualidade,  controvérsias dos traumas do assoalho pélvico e vários outros assuntos.                   

No campo das telas muito se discutiu e muito ainda será discutido, notadamente depois de dois fatos fundamentais e históricos nesse particular: as medidas restritivas do FDA americano, no sentido de endurecer as regras e exigências de estudos e pesquisas para o licenciamento e aprovação de produtos nessa linha (no dizer do Dr. Willy Davila, em aula aqui no Brasil, o ato do FDA foi o equivalente a “um trem expresso que abruptamente se deteve”) e a decisão da Johnson & Johnson de retirar do mercado vários de seus produtos de tela para a cirurgia do prolapso.

Os dois fatos, embora permeados de várias razões comerciais e judiciárias, intrinsecamente relacionadas pela avalanche de complicações e ações judiciais, notadamente nos Estados Unidos, ainda vão repercutir pelo mundo todo na reavaliação de quando, o que, em quem, porquê e por quem, tais dispositivos possam/devam ser ou não utilizados.

Não adianta espernear, os dispositivos antes de chegarem ao mercado, baseados apenas numa “equivalência substancial”, muitas vezes presumida apenas, deverão sim,  se submeter aos mesmos requisitos de evidência e segurança clínica, através de estudos robustos randomizados e controlados, exigidos de novas drogas. Diga-se, ainda, para as drogas e medicamentos, o sistema, apesar de rigoroso, ainda não é ideal, tendo em vista vários exemplos recentes de drogas retiradas, após largo tempo uso e constatação de efeitos perniciosos que escaparam ao sistema inicial de licenciamento original.

No caso dos dispositivos, não apenas as telas para prolapso justificam essa atitude mais rigorosa dos órgãos regulatórios e licenciadores, mas também as recentes evidências de sérios problemas com as próteses de mama PIP,  próteses de quadril DePuy, para apenas citar alguns exemplos.

Em próximas matérias abordaremos os temas da dor pélvica crônica na mulher e, no âmbito das controvérsias em uroginecologia, os desafios do diagnóstico do trauma do músculo  elevador do ânus.

Nesse particular o papel dos exames de imagem, com indicação e custo/benefício ainda não consensual na sua aplicação clínica. 

A importância e acuracidade de tais exames ainda devem se pautar com a comparação do achado anatômico real em cadáveres frescos, o “gold standard” da anatomia,  para a demonstração de traumas, avulsões e outros achados da complexa região do assoalho pélvico e seus órgãos correlatos. Como se diz popularmente "ainda existe muita estrada pela frente"!