terça-feira, 14 de setembro de 2010

Análise do estudo intraoperatório de margens cirúrgicas no tratamento conservador do câncer de mama

14/09/2010 Guilherme Novita Garcia ME
Tema
Análise do estudo intraoperatório de margens cirúrgicas no tratamento conservador do câncer de mama Introdução: A eficácia do tratamento cirúrgico conservador do câncer de mama depende da retirada de toda a neoplasia com margem livre. Existem várias formas de avaliar o estado da margem de ressecção durante a cirurgia, porém todas apresentam considerável índice de falha (10 a 20%). Dentre estes métodos, congelação de margens é o menos utilizado. Esta técnica apresenta riscos de perda de tecido e custo mais elevado que as demais. No entanto, trata-se de excelente maneira de avaliar a distância do tumor à margem durante o exame intraoperatório. O Setor de Mastologia da Disciplina de Ginecologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP) preconiza a avaliação combinada com exames macroscópico, citológico e de congelação das margens em toda cirurgia conservadora de câncer mamário. Objetivos: Avaliar o valor preditivo negativo do estudo intraoperatório das margens cirúrgicas em casos de carcinoma ductal invasor da mama pelo método utilizado no Setor de Mastologia da Disciplina de Ginecologia do HCFMUSP, comparar estes valores com os casos que realizaram o exame intraoperatório apenas com macroscopia e citologia e analisar quais fatores clínicos, cirúrgicos, histopatológicos e imunoistoquímicos podem interferir com os resultados. Pacientes e métodos: Foram analisados os dados dos prontuários médicos de 242 cirurgias conservadoras operadas neste serviço, sendo que 179 realizaram exame de congelação e o restante apenas macroscopia e citologia. O estudo intraoperatório das margens (EIM), com ou sem congelação, foi avaliado tendo como padrão ouro as margens cirúrgicas definitivas, que podiam ser livres ou positivas (tumor na borda ou a menos de 2mm). Os fatores pesquisados foram: clínicos (idade), cirúrgicos (retirada de pele, ampliação da cavidade), histopatológicos (tamanho, linfonodos acometidos, invasão angiolinfática (IAL) e componente intraductal extenso (CIE) e imunoistoquímicos (receptores de estrogênio, progesterona, Ki-67, Her-2). A influência destas variáveis no EIM foi calculada com p < 0,05. Resultados: O valor preditivo negativo (VPN) do EIM foi de 87,1%. O exame de congelação não modificou significativamente os resultados do EIM (p=0,364). As variáveis analisadas não influenciaram no resultado do exame intraoperatório das margens. Conclusão: O presente estudo permite concluir que o VPN do EIM foi de 87,1%, que o exame de congelação não melhorou significativamente os resultados em relação ao exame feito apenas por macroscopia e citologia e que as variáveis clínica (idade), cirúrgicas (excisão de pele e ampliação da cavidade), histológicas (tamanho tumoral, número de linfonodos positivos, IAL e CIE) e imunoistoquímicas (RE, RP e Her-2) não influenciaram no resultado do EIM.