sexta-feira, 29 de outubro de 1999

Contribuição ao estudo de um modelo de atendimento à adolescente no sistema público de saúde

Pós-Graduanda: Albertina Duarte Takiuti
Orientador: Laudelino de Oliveira Ramos
Data de Defesa: 29/10/1999

O programa saúde do adolescente da Secretaria de estado da Saúde de São Paulo, desde 1987, vem desenvolvendo um modelo de atendimento a adolescentes em Centros de Saúde do sitemas único de saúde SUS e em ambulatórios de serviços universitários, caracterizando-se pelo enfoque e preventivo, vinculado à família e à comunidade.
O programa implantou, até 1993, 35 serviços, dentre eles o Ambulatório de Ginecolgia da Adolescente do HC/FMUSP(AGAHC), serviço do Prof. Dr. José Aristodemo Pinotti, sendo que de 1987 a 1993 realizaram-se 56.000 atendimentos. Até 1998, estavam implantados 112 serviços para ambos os sexos, destacando-se, desse total, cinco Casas do Adolescente, e foram realizados 175.000 atendimentos.
O universo de atendimentos analisados nesta tese constituiu-se de 3.097 prontuários, 1.800 do AGAHC e 1.297 de 4 serviços da rede pública, nos períodos de 1987 a 1993 e de 1994 a 1998.
As adolescentes que procuram os serviços tem idade entre 15 e 17 anos, em sua maioria são solteiras, moram com a família, são paulistas, tem 1º grau incompleto (embora haja adolescentes com 2º grau e universitárias), tiveram menarca entre 12 e 13 anos, iniciaram atividade sexual entre 15 e 17 anos, conhecem os métodos anticoncepcionais em maior porcentagem do que os utilizam e expressam dualidade/ambigüidade em relação às questões da sexualidade.
Em relação aos resultados alcançados em termos de prevenção, destacam-se a inserção do parceiro da mulher adolescente nos amblatórios e grupos educativos dos serviços estudados, devido crescimento em até oito vezes do uso do preservativo masculino, entre 1987 e 1998, número substancialmente superior ao alcançado por parceiros de mulheres adultas - e o direito das adolescentes realizarem citologia oncótica gratuitamente.
Foi possível implantar e implementar, no estado de São Paulo, uma política pública de juventude na área de saúde que proporcionou abertura de espaços de atendimento integral à saúde física, psicológica e social das adolecentes.
Os serviços analisados criaram modelo de atendimento universalizado, integral e multiprofissional. Desenvolveram ações intersetoriais com participação comunitária e integradas aos sistemas de referência e contra-referência universitários, realizaram ações de prevenção primária, secundária e terciária, favorecendo e incentivando o protagonismo da mulher adolescente atendida em favor de seus plenos direitos de cidadania em relação não somente à sua saúde, como também à sua vida.